Descrição
A excentricidade de seus personagens talvez seja a característica mais marcante de A libélula dos seus oito anos, a nova obra de Martin Page. Escrito numa narrativa quase sempre sarcástica, o romance traz figuras que fogem completamente ao usual, e que só se tornam críveis por conta da riqueza de detalhes psicológicos com que são descritos e por terem sido “descobertos” nos recantos da tampouco usual Paris. Por conta dessas chantagens, ela passa a conhecer Ambrose Abercombrie, um milionário parisiense e famoso historiador de arte, que se torna uma de suas vítimas. Abercombrie descobre o truque de Fio, mas, em vez de denunciá-la, pede à jovem apenas que lhe “alugue” seus quadros, encantado que fica pelo seu trabalho como pintora. O enredo traz ainda Zora, uma ex-modelo que, de tanto odiar ter vizinhos, é proprietária dos 24 apartamentos do prédio onde vive Fio. Apesar de sua beleza, Zora encarna o “ódio dos infelizes” e despreza a hipocrisia e a mentira humanas. Todo o seu rancor pode ser medido por um de seus passatempos prediletos: atirar nos eletrodomésticos e nas paredes dos apartamentos com uma Beretta. Para a ex-modelo, a razão de fazer tantos furos em objetos inanimados era simples: “se atirasse em pessoas, seria presa”. Aos poucos, Zora e Fio se tornam melhores amigas. Page penetra fundo no lado desumano da arte, um mundo que envolve falsidade, inveja, egocentrismo e arrogância. Essa faceta obscura dos marchands, dos críticos e dos artistas, para uma pessoa com a pureza de Fio, será como um mergulho em águas turvas e desconhecidas. O resultado é um romance único, irresistível e nada banal, sobre a banalidade da vida, urdido com o humor, a delicadeza e a desesperança tão peculiares do autor.
Idade Mínima Recomendada: 18 Anos